Um motorista palestino realizou um ataque terrorista na região norte de Tel Aviv, Israel, atropelando pedestres e esfaqueando pessoas que passavam pelo local. O ataque aconteceu nesta terça-feira, 4, e deixou sete pessoas feridas, sendo que quatro delas estão em estado grave. O agressor foi neutralizado e morto a tiros.
Além disso, o grupo Hamas afirmou que o motorista, identificado como Abed al-Wahab Khalaila, de 20 anos, era um membro do grupo. Porém, o grupo não assumiu a autoria do atentado.
Em sua declaração, o Hamas prometeu “continuar, escalar e diversificar” os ataques como forma de vingança, alegando que o ataque foi uma resposta ao que chamaram de “crime de ocupação contra nosso povo no campo de Jenin“.
Segundo o Shin Bet, serviço secreto interno de Israel, o terrorista residia na Cisjordânia e não possuía permissão para entrar em Tel Aviv. Aliás, o ataque ocorreu após as Forças de Defesa de Israel (IDF) terem iniciado a maior ação militar na região em 20 anos, na cidade de Jenin.
Essa ação foi uma resposta aos ataques que resultaram na morte de 24 israelenses desde o início do ano, a maioria originados em Jenin e áreas vizinhas.
André Lajst, cientista político especialista em Oriente Médio e presidente executivo da StandWithUs Brasil, explicou que os confrontos tendem a se intensificar ainda mais:
“Desde o início do ano, o governo israelense vem lidando com um aumento de ataques palestinos. Medidas cada vez mais drásticas deverão ser tomadas pelas Forças de Defesa de Israel”, afirma o especialista.
Lajst também ressaltou que o conflito afeta negativamente o povo palestino, que não está envolvido na armada.
“É muito perigoso para a vida cotidiana dos palestinos, mais do que para a vida cotidiana dos israelenses. O exército de Israel não vai deixar que os terroristas atinjam seu povo sem que nenhuma medida de defesa seja tomada. As forças israelenses vão precisar agir de maneira cada vez mais incisiva para proteger sua população. Se os ataques continuarem, haverá uma completa mudança da política de segurança de Israel para com a Cisjordânia, e os principais prejudicados serão os palestinos, que também sofrem com os ataques dos terroristas que se colocam em meio à população”, explica Lajst.
Entenda o conflito que gerou o ataque terrorista
Israel enfrenta uma onda de ataques realizados por grupos armados, não necessariamente vinculados a organizações terroristas, que têm como alvo civis e soldados israelenses dentro de Israel e na Cisjordânia. A Cisjordânia é um território parcialmente controlado pela Autoridade Palestina e parcialmente controlado por Israel.
“São milhares de homens armados na Cisjordânia, financiados pelo Irã, com dinheiro da Jihad Islâmica, mas sem afiliação ao grupo. Às vezes, o dinheiro também vem do Líbano através do Hezbollah”, explica o especialista André Lajst.
As tensões entre Israel e os palestinos se intensificaram em março de 2022, após uma série de ataques terroristas em várias cidades israelenses. Esses ataques resultaram em 11 mortes e 12 feridos na época.
Desde então, as IDF lançaram a operação “Quebrando a Onda”, uma ação contraterrorista para conter os ataques palestinos, prender os criminosos e impedir futuros atentados. No entanto, desde o início da operação, os ataques palestinos aumentaram, resultando na morte de 45 pessoas e deixando várias gravemente feridas.
Nas últimas semanas, os confrontos se intensificaram ainda mais, com uma incursão israelense em Jenin em 19 de junho, resultando na morte de seis terroristas palestinos, incluindo três ligados à Jihad Islâmica Palestina.
Em resposta a essa incursão, homens armados palestinos realizaram um ataque terrorista contra civis em Eli, na Cisjordânia, no dia 20 de junho, resultando em quatro mortes e quatro feridos. Além disso, um foguete foi lançado de Jenin em 26 de junho, mas explodiu em território palestino, sem relatos de feridos. O grupo Hamas assumiu a autoria desse ataque.
Israel já enfrentava ataques de foguetes vindos do sul do Líbano e da Faixa de Gaza, mas a localização geográfica da Cisjordânia torna a situação ainda mais problemática. Isso porque o território tem uma proximidade com o centro de Israel, onde estão localizadas Tel Aviv e Jerusalém, as maiores cidades do país.
Em 2 de julho, aconteceu a maior operação israelense na Cisjordânia em 20 anos. A ação, que ocorreu na cidade de Jenin às 19h, envolveu forças aéreas e mais de mil tropas.
A ação teve o objetivo de atingir múltiplos centros de terrorismo na região, incluindo um imóvel utilizado por vários grupos armados. Durante a operação, dez pessoas morreram.