Mesmo com 2,5 mil agentes em campo, o chefão do Comando Vermelho escapou do maior cerco policial da história do Rio de Janeiro

A megaoperação Contenção, que deixou centenas mortos e mais de 80 presos nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, tinha um objetivo claro: derrubar a cúpula do CV (Comando Vermelho). Mesmo com 2,5 mil agentes mobilizados, helicópteros sobrevoando a região e blindados em terra, o principal alvo — Edgard Alves de Andrade, o “Doca da Penha” — segue foragido.
Apontado como o maior líder da facção em liberdade no estado, Doca da Penha é considerado o cérebro da estrutura criminosa que atua dentro e fora das comunidades. Investigado por mais de 100 homicídios, o traficante comanda o Complexo da Penha, área estratégica que funciona como o centro nervoso das operações do CV.
O governo do Rio confirma 64 mortos na operação — quatro policiais e 60 criminosos. No entanto, o número pode ser ainda maior: moradores encontraram cerca de 60 corpos em uma área de mata na Penha que, segundo eles, não estão incluídos na contagem oficial. Com isso, o total de vítimas pode ultrapassar 100.
homem por trás do poder do CV: quem é ‘Doca da Penha’
De acordo com investigações do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), Doca da Penha mantém controle direto sobre o tráfico, o armamento pesado e o roubo de cargas — uma das principais fontes de financiamento da facção.
Ele também teria papel ativo na coordenação de ataques e execuções em diferentes regiões do estado, inclusive em comunidades da zona oeste, como Gardênia Azul, César Maia e Juramento.
A estrutura que ele comanda é descrita por investigadores como “altamente profissionalizada”, com comunicação por rádio criptografado, reforço logístico armado e controle sobre rotas de fuga pela mata e morros interligados. Foi por uma dessas trilhas que ele conseguiu escapar do cerco durante a operação desta terça-feira (28).
As autoridades oferecem recompensa de até R$ 100 mil por informações que levem à captura do criminoso.
Disque Denúncia oferece R$ 100 mil por Doca, chefe do Comando VermelhoFoto: PC/Divulgação/ND Mais
Denúncias e crimes atribuídos a Doca da Penha
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou Doca da Penha e outras 66 pessoas por associação para o tráfico, além de três denúncias de tortura. O traficante é investigado por execuções brutais, desaparecimentos de moradores e até assassinatos de crianças.
Entre os casos mais chocantes atribuídos ao criminoso está o assassinato de três médicos, em outubro de 2023, na zona sudoeste do Rio. As vítimas foram mortas por engano, depois que um dos profissionais foi confundido com o verdadeiro alvo da quadrilha.
Em maio deste ano, o MPRJ também denunciou Doca da Penha por ter ordenado o ataque a uma delegacia em Duque de Caxias, em 15 de fevereiro de 2025. Ele e comparsas respondem por tentativa de homicídio qualificado, dano qualificado, tortura e associação para o tráfico.
A Penha como fortaleza do Comando Vermelho
Investigadores apontam três motivos que tornam a Penha a base mais importante do CV no Rio:
- Mobilidade estratégica — acesso rápido às principais vias expressas da cidade;
 - Coordenação operacional — a partir dali são comandadas ações em diferentes regiões;
 - Proteção natural — o relevo e a urbanização densa dificultam o avanço policial.
 
Fonte: NDTV+
								




