A guerra às drogas tem custado caro aos cofres públicos. Segundo a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Julita Lemgruber, os gastos anuais chegam a R$ 5,2 bilhões apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
No entanto, esse valor triplica quando se pensa em todo o território nacional.
“Se nós estendermos esse cálculo para todo o Brasil, veremos que o país tem R$ 15 bilhões de seu orçamento direcionados à implementação da lei de drogas”, acentuou a socióloga. Aliás, vale ressaltar que ela já atuou como diretora do Departamento do Sistema Penitenciário Nacional.
A fala aconteceu na abertura de seminário promovido nesta terça-feira, 27, pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, em Brasília. O seminário debateu, sobretudo, a regulação da Cannabis – planta popularmente conhecida como maconha.
Os valores da guerra às drogas apresentados por Julita constam da pesquisa Um Tiro no Pé: Impactos da proibição das drogas no orçamento do sistema de justiça criminal do Rio de Janeiro e São Paulo.
Além disso, na avaliação da especialista, “a guerras às drogas é o álibi perfeito para a polícia exercer seu poder de causar mortes e encarcerar a população jovem e negra nesse país”, disse ela. A fala classifica a forma como a lei de drogas tem sido implementada como um “verdadeiro genocídio da população negra”.
“Como não se emocionar com a quantidade de mortes que a polícia provoca; e com a quantidade de pessoas que vão para cadeia hoje. Não à toa, o Brasil é atualmente o terceiro maior encarcerador do planeta. Isso é uma barbaridade”, argumentou.
Segundo ela, a polícia brasileira mata cinco pessoas negras por dia apenas no Rio de Janeiro.
“Nos últimos anos, a polícia matou mais de mil jovens negros moradores de favela, em nome da guerra às drogas”, revelou.
Por isso, ao falar dos impactos da guerra ao tráfico, Julita faz a ligação com os gastos bilionários anuais:
“Se isso não mobiliza os corações das pessoas, então vamos começar a pensar que isso tem a ver com orçamento público”.
Por fim, ela ressalta que, nas áreas de favela do Rio de Janeiro, por exemplo, essa ação vai além da questão da saúde. Julita afirma que prejudica também o desempenho das crianças nas escolas.